DESABAFO DE UM ILUSTRE ELVENSE.

Publicada por Elvascidade | | Posted On quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


De volta a Portugal por um período de tempo demasiado curto, assalta-me a ideia, as pessoas vão e vêm, as pedras ficam. Em Elvas, minha cidade natal, fico surpreendido por sua pujança arquitectónica de "Chave do Reino". Sem dúvida uma das praças fortes mais significativas da Europa, senão a mais forte, merecia um destaque maior nos circuitos de visitação cultural.
Lugar que reneguei na adolescência por falta de empatia com a sociedade local, vejo agora como era fugaz esse distanciamento que me empurrou para o mundo e como muito maior é a ligação visceral que a ela me prende. Nascido perto da entrada da primeira muralha árabe, verifico como estar dentro da cidade amuralhada me transmite segurança e protecção. Acalento o sentimento oceânico que de mim se apossa ao olhar do alto e por cima das muralhas, terras de Espanha que se espraiam ao longe. Que contraste com a futilidade presunçosa dos políticos que debitam sua diarreia mental de sabe tudo nos écrans de tv. Que pobre de ideias e discurso a campanha para presidente da república. Que falta de filosofia e compreensão da vida e do mundo. Que mal servida é esta paisagem única, este ambiente em que se sobrepõem culturas e épocas. A todos estes engravatados de expressão sisuda e nariz no ar gostaria de entregar um manual com o título "Só sei que nada sei".



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